Acabei de voltar do estádio do Sporting, o José Alvalade, onde assisti o principal concorrente ao Oscar, There Will Be Blood. A primeira impressão que tive foi em relação à tradução: enquanto no Brasil os responsáveis abusam da liberdade poética, os portugueses mantém a tradição de levar tudo ao pé-da-letra. Por isso, aqui o There Will Be Blood ganhou a tradução de "Haverá Sangue" e no Brasil virou "Sangue Negro". Eu, particularmente, prefiro a tradução literal, não só nesse caso. Por motivos óbvios.
Em relação ao filme, achei-o sensacional. Muito bem dirigido e representado, é um programa e tanto, mesmo com quase 3 horas de duração (159 minutos). O mais bizarro é que, aqui, os filmes têm intervalo de 5 minutos. Questão de cultura... Outra diferença é que aqui a carteirinha de estudante te dá desconto, mas não de 50% como no Brasil. No cinema que fui, por exemplo, ao invés de pagar 5,20 euros, paguei 4,20. Não é lá muito vantajoso, mas qualquer desconto é muito bem-vindo!
Daqui a pouco começa o Oscar, e o filme está concorrendo em oito categorias (Melhor filme, ator - Daniel Day-Lewis -, direção de arte, diretor - Paul Thomas Anderson -, fotografia, montagem, roteiro adaptado - de novo Anderson - e som). Deve ser o maior premiado da noite, embora eu não tenha assistido aos outros para poder afirmar categoricamente. É o que diz a maioria das especulações sobre o Oscar, pelo menos.
Para quem não sabe, o filme é adaptado do livro "Oil!", de 1912, que conta a história do magnata do petróleo Daniel Plainview (Daniel Day_Lewis). O roteiro adaptado vai além, abrangendo acontecimentos pós-livro. Injustiça é o ator Paul Dano, que está excepcional no seu papel de pastor, não ter sido indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante.
Quem ainda não viu, veja. Vale o ingresso.
Ainda bem que a moradia ficou sem internet ontem de madrugada e hoje de manhã, senão meu dia seria muito pior sabendo que o São Paulo empatou na estréia da Libertadores. Não posso ver os jogos daqui, mas esquecer o maior tricolor do mundo, jamais. A foto é uma lembrança da minha última visita ao Morumbi.
Hoje eu peguei o comboio para Sintra (que é absurdamente maravilhosa!) e pude ver o subúrbio de Lisboa. Com certeza é a parte da Europa que não vemos em lugar nenhum, seja TV, internet ou jornais. Pobreza, favelas, muitas negros e imigrantes (que são extremamente discriminados por aqui) pegando os comboios. Claro que eu sempre soube que havia pobreza por aqui, mas não sabia que era tamanha! Cheguei a me assustar. Logo na estação de Entrecampos, ainda em Lisboa, um senhor de idade veio me avisar que era melhor eu guardar a câmera para não correr o risco de perdê-la. Ainda bem que ele me disse, pois, depois que deixamos Lisboa, mudou muito as pessoas que entravam e saíam dos vagões. Estava com meu notebook, minha câmera e todas as lentes, mas não aconteceu nada demais. O notebook só serviu de peso na subida ao Castelo dos Mouros, mas isso - assim como a entrevista - eu explico nos próximos posts.
Esse é o prédio onde tenho aulas e onde ocorreu a reunião para estudantes Erasmus. Erasmus é como os europeus chamam seu programa integrado de intercâmbio. Com o surgimento da União Européia, foi necessário padronizar os diferentes programas existentes em cada país membro, e a solução foi o Erasmus. Nós, brasileiros, não somos. Apesar disso, toda a documentação recebida e preenchida é a padrão do programa, e não teria problema nenhum se fôssemos tratados como tal. Acontece que os portugueses são extremamente preconceituosos em relação a negros e brasileiros (pelo menos uma boa parte mau caráter), e eles fazem questão de mostrar isso.
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