Aqui em Portugal, "talequal" no Brasil, cerveja é assunto de Estado. Enquanto no Brasil as preferidas Skol, Brahma e Antártica são da mesma empresa - Ambev (e aqui cabe um parêntesis enorme: a Ambev na verdade chama-se Inbev desde a fusão com a cervejaria belga Interbrew - dona da Stella Artois - e passará a se chamar Anheuser-Busch InBev com a aquisição da americana Anheuser-Busch, dona da Budweiser, por US$ 50 bilhões) -, aqui em Portugal o monopólio não chega a concentrações tão gigantescas de marcas e empresas.
Cá na terrinha as duas marcas mais famosas de cerveja são a Sagres e a Super Bock. Não há o que reclamar de ambas, os preços são muito parecidos, mas a preferência lusitana - e minha também - aponta para a Super Bock. Para os brasileiros que visitam o site e querem entender o cenário daqui, é mais ou menos como a Skol e a Brahma aí no Brasil.
A diferença é que no Brasil a predileção por uma ou outra varia de região para região. Enquanto em Florianópolis e Rio de Janeiro, por exemplo, a preferida é a Skol (e, via de regra, nas cidades litorâneas em geral), em São Paulo a líder é a Brahma (escolhida pela Ambev para ser a marca global brasileira). Para os portugueses entenderem melhor a realidade brasileira, a Skol e a Brahma são as mais comercializadas - embora as melhores sejam as mais caras Bohemia e Original - ao lado da Antártica, e todas elas são propriedade da mesma empresa: a brasileira Ambev, que na verdade é belgo-brasileira, chama-se Inbev e em breve chamar-se-á Anheuser-Busch InBev.
Já aqui em Portugal, não consegui perceber essa diferença, até por conhecer apenas Lisboa e o Porto. Mas todos que estão cá, portugueses ou não, são unânimes em afirmar que a Super Bock é a melhor. Outro fa(c)tor diferencial da Super Bock é a publicidade. As ações publicitárias em torno da marca são muito bem pensadas, realizadas e divulgadas. A idéia de cerveja autêntica é muito bem transposta para os diferentes suportes publicitários (nas salas de cinema, nos spots publicitários da televisão, em anúncios de pontos de ônibus e em placas de publicidade espalhados por Lisboa), cativando principalmente o importante nicho jovem do mercado - sem esquecer, claro, o saudosismo que agrada aos mais velhos.
Deixo de falar aqui das outras marcas de ambos os países - Itaipava, Nova Schin, Kaiser, Sol, Colônia, Cintra, ... (do Brasil) e Tagus, Imperial, etc. (de Portugal) - por questões de espaço, mercado e gosto pessoal. Não que todas sejam horríveis, mas em relação à cerveja, assim como um bom vinho, é a qualidade que se destaca. E, convenhamos, isso é um assunto sem fim que pode levar à várias horas de uma boa conversa de bar.
Com esse calor que está cá em Lisboa, a saudade do Brasil e todo esse papo sobre cervejas, preferências, fusões internacionais e publicidade, vocês não imaginam, leitores brasileiros, a falta que faz um bom boteco - daqueles bem velhos e vagabundos - com cerveja barata para um "autêntico" papo de bar como esse, que começa em um assunto e termina em outro completamente diferente, mas em que o foco principal é e continua sempre a ser a cerveja, essa bendita bendita loira estupidamente gelada!
PS (para brasileiros): claro que ficar falando sobre as boas cervejas da vida é sempre bom. Mas, quando os gastos são em euros, a solução é mesmo correr ao Pingo Doce mais próximo e garantir a sua garrafa de Cergal 1L por módicos 75 cêntimos - algo como R$ 2 -, disponível também nas versões long neck e lata de alumínio por 24 cêntimos (65 centavos).
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Há 11 anos
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