quarta-feira, 9 de abril de 2008

O condicionamento humano pelo sentido da visão

Trecho muito interessante do livro "As lições do cinema", do meu professor de Filmologia Jão Mário Grilo. O excerto foi adaptado em algumas partes para o todo fazer mais sentido.

"Se a perspectiva monocular dominou toda a história da representação ocidental do século XV ao século XIX, tal facto apenas traduz o lento advento do olho ao centro da consciência, de Platão a Leonardo [Da Vinci]".

Em março terminei de ler o livro "Meu nome é Vermelho", do turco Orhan Pamuk, ganhador do Nobel de Literatura de 2006. Ele fala exatamente sobre essa mudança do olhar na pintura ocidental do século XV, só que sobre um ponto de vista "não-ocidentalizado".

Esse trecho do livro do meu professor remete muito ao livro do Pamuk. Me fez pensar sobre como somos ligados demasiadamente ao sentido da visão. Na arte, esta fase durou até o século XIX, mas à maioria das pessoas normais essa condição continua inerente ao nosso comportamento.

Muito bem observado também, adiante, em que Grilo diz que a hipertrofia do sentido da vista na história da percepção humana paralisa todos os outros sentidos, macrocefalizando o olho.

Muito por isso temos tanta dificuldade em desenvolver os outros sentidos. Dá muito o que refletir.

A olho da foto é da minha amiga, Fernanda Lucas, e foi usada meramente como ilustração para o post.

Um comentário:

sampaio disse...

Que olho lindo, Pai !