segunda-feira, 26 de maio de 2008

Adeus ao nosso "Rei do Saibro"

Fica aqui registrada a minha homenagem a este que é o maior tenista brasileiro de todos os tempos, aquele que muitas vezes encheu os olhos dos brasileiros de lágrimas e os corações de orgulho. Gustavo Kuerten não é somente o maior de todos os brasileiros dentro de uma quadra de tênis: é símbolo de carisma, de admiração, de superação e de sinceridade sobre suas limitações. É um ícone que nós, brasileiros, não devemos esquecer jamais.

Para Guga, era hora de parar. Talvez até já tenha passado esse tempo. Mas cada um sabe a sua hora de dizer adeus e, confesso, fiquei emocionado ao ver as cenas de um Gustavo Kuerten tão alegre e descontraído em quadra.

Ele estava em casa. Passeando pela quadra principal do torneio mais famoso do mundo, o nosso "Rei do Saibro" jogou como uma criança. Sorriu e apreciou cada segundo, cada winner que nos fez lembrar saudosamente dos seus tempos áureos. Guga sabia que era seu último jogo de simples e fez questão de saboreá-lo. Só com muita maturidade, alcançada após os seguidos problemas no quadril, poderia ter feito o jogo que fez.

A cada paralela que acertava, Guga me fazia lembrar dos jogos lendários que assisti. O bicampeonato de Roland Garros contra o sueco Magnus Norman, no jogo em que eu definitivamente me apaixonei pelo tênis, os duelos de cinco sets que mais de uma vez travou contra os russos Yevgeny Kafelnikov e Marat Safin. Os incontáveis sábados e domingos que acordei pela manhã só para ver esse manezinho da ilha em quadra.

Guga foi ainda mais que isso. Foi o último tenista, ainda em 2004, a derrotar o já então n° 1 do mundo Roger Federer por 3 sets a 0 nas oitavas-de-final de Roland Garros, quando Federer era franco favorito ao título. Foi o único a vencer os americanos Pete Sampras e André Agassi - dois dos maiores tenistas de todos os tempos - em dias consecutivos e levar para casa o trófeu ATP Tour de 2000 aqui em Lisboa. Guga foi o único tenista brasileiro a ficar 43 semanas no topo do ranking da ATP (Associação de Tenistas Profissionais). Guga conquistou o mundo com seu carisma, seu tênis e sua determinação.

Hoje, ao entrar em quadra trajando um uniforme semelhante ao da final de 1997, Guga se emocionou. Lágrimas caíram antes mesmo da partida começar porque ele sabia que essa seria a última vez. A quadra Phillipe Chatrier estava completamente lotada para recebê-lo. Guga sabia que não tinha nenhuma chance de ganhar. Mas, sinceramente, não fazia a menor diferença. Guga não estava ali para ganhar. O brasileiro entrou em quadra para nos dizer adeus, para se despedir do circuito profissional e entrar para a história.

Da minha cabeça não sai o que Guga disse ao ser eliminado do Brasil Open no início deste ano: "Não é que eu não queira realmente jogar mais, eu peço desculpa, mas é que realmente eu não consigo mais."

Desculpas ele não deve à ninguém. Nós é que devemos agradecê-lo por tudo.

A foto é da Reuters e foi copiada do site do Globo Esporte.

Um comentário:

Rodrigo Faraco disse...

espetacular meu caro Lucas. Disse muito do que eu queria dizer. Guga é meu ídolo...vou te mandar aquela foto do nosso momento jornalístico histórico com Guga....lembras?

Garnde abraço