quarta-feira, 7 de maio de 2008

Supermercados e os sacos plásticos

Não sei a atual realidade do Brasil, mas quando saí do país em fevereiro era crescente a adesão da mídia em relação à reciclagem e contra o desperdício desnecessário. O vilão da vez parecia ser o saco plástico de supermercado, aquele que usamos para quase tudo e sem nenhum controle em uma sociedade cada vez capitalista e consumidora.

Pois bem, lembro-me que muitos eram a favor do uso de sacolas de pano, como as das feiras de antigamente, e que alternativas fossem encontradas. Era importante conscientizar as pessoas que não se devia usar indiscriminadamente os sacos para limpar sujeira dos animais de estimação, para forrar os lixos da cozinha e dos banheiros, etc. e para descartá-los sempre.

Uma "resposta" muito interessante foi a que encontrei aqui em Portugal. Aqui, nos supermercados, se paga pelos sacos plásticos que deseja utilizar. Então, ao passar no caixa, a atendente te pergunta se queres sacos e, se sim, quantos. Eles não custam muito, geralmente 2 ou 3 cêntimos (algo entre 5 e 8 centavos de real), mas ter a noção de pagar pelos sacos plásticos causa um efeito muito interessante nas pessoas: que aquilo não é de graça, que você está pagando por uma coisa tão "inofensiva".

A medida é recente, pelo que conversei com os que estão aqui há mais tempo, e muitos podem dizer que essa não é a forma correta de educar a sociedade. Mas é bem verdade também que, atualmente, a melhor maneira de se fazer uma pessoa refletir sobre uma situação é pegando-a pelo bolso. A hora que entra dinheiro na discussão, as pessoas parecem acordar para a vida.

Como resposta à cobrança dos sacos plásticos, as pessoas começaram a guardá-los. Você paga um vez por eles, mas utiliza-os até rasgá-los. Faz "valer o investimento". Os preço é praticamente simbólico, mas faz a diferença em uma compra do mês, por exemplo. Isso faz com que as empresas forneçam um saco de melhor qualidade, também. No Brasil é comum utilizarmos o dobro do número de sacos plásticos porque a "qualidade" destes coloca em risco nossas compras. E assim o desperdício dobra de proporções.

Sei que a cobrança pelos coitados dos sacos plásticos acaba com a praticidade das coisas, contraria a lógica do consumo. Como exemplo prático, já perdi a conta das vezes que venho até a residência para deixar meus pertences e pegar as sacolas plásticas para ir ao supermercado ao invés de passar por lá ao caminho de casa. Torna as coisas mais cansativas. Mas aí entra a "consciência pesada" de desperdiçar, somado à sensação de gastar dinheiro com algo tão insignificante. Combinar essas duas sensações é uma saída muito interessante à problemática.

Quem quiser disperdiçar, que pague.

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